CBF estuda criação da Série E e clubes gaúchos podem ser beneficiados com novo formato

Uma reestruturação profunda nas divisões de acesso do futebol brasileiro pode estar próxima de acontecer. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sob a gestão do novo presidente Samir Xaud, está ouvindo clubes e representantes da Série D sobre a possível criação da Série E do Campeonato Brasileiro. A proposta, que vinha sendo debatida nos bastidores desde 2024, ganha força com a mudança de comando na entidade máxima do futebol nacional.
Entre os entusiastas da ideia está o presidente do ASA, Rogério Siqueira, que representa os 64 clubes da atual Série D na Comissão Nacional de Clubes. Para ele, a nova gestão apresenta uma postura mais aberta ao diálogo e à valorização das divisões de base do futebol brasileiro. “Temas como a Série E encontram agora um ambiente institucional mais favorável para evoluir. Precisamos de uma CBF que ouça mais e decida menos de forma isolada”, defendeu Siqueira.
O plano discutido prevê uma reestruturação no formato da Série D, que passaria dos atuais 64 clubes para apenas 20 — mesmo número de participantes das Séries A, B e C. Com isso, seria criada a Série E, também com 64 equipes, absorvendo o restante dos clubes e expandindo o calendário nacional.
Para os clubes gaúchos, a criação da Série E representa uma oportunidade futura de maior estabilidade no calendário nacional. Caso o novo formato seja aprovado, ele será implantado a partir de 2027, com base nos classificados para a Série D de 2026. O Rio Grande do Sul possui três vagas na Série D. Duas delas foram definidas pelo desempenho no Gauchão, e a terceira será do campeão da Copa FGF, prevista para o segundo semestre. São Luiz e Guarany de Bagé já garantiram vaga na edição de 2026 pelo gauchão deste ano.
Com Inter, Grêmio e Juventude na Série A, o Caxias e o Ypiranga na Série C, abre-se espaço para clubes intermediários. Caso Guarany ou São Luiz conquistem o acesso à Série C neste ano, o oitavo colocado do Gauchão de 2025, o Monsoon, herdaria uma das vagas para a Série D 2026. Em caso de dois acessos, o Avenida , nono colocado, ganharia uma vaga.
Esse novo cenário valoriza ainda mais o desempenho dos clubes gaúchos em competições estaduais e regionais, ampliando suas possibilidades de presença no calendário nacional nos próximos anos. A proposta, se concretizada, pode ajudar a consolidar projetos de médio prazo e evitar que clubes com investimento anual fiquem fora de competições após o estadual.
Além dos gaúchos, outras equipes tradicionais como Santa Cruz, América-RN, Portuguesa, Joinville, ASA, Sampaio Corrêa, Inter de Limeira e Operário-MS veem com bons olhos a proposta, pois ela resolveria um dos maiores gargalos do futebol nacional: o calendário. A atual Série D, com duração reduzida, compromete o planejamento de clubes que investem durante o ano todo, mas jogam de forma efetiva apenas entre maio e agosto.
“A ideia é garantir que esses clubes não fiquem à margem das competições nacionais e tenham calendário mais amplo. Isso fortalece o futebol nas regiões e permite desenvolvimento técnico e estrutural dos clubes”, acrescentou Rogério.
No entanto, há entraves: o calendário nacional segue apertado mesmo com a recente proposta da CBF de reduzir os estaduais para apenas 11 datas a partir de 2026. Além disso, há preocupações com custos de deslocamento, arbitragem e cotas de transmissão. Ainda assim, Samir Xaud parece disposto a ouvir, construir e negociar soluções com os clubes envolvidos.
A expectativa é de que a proposta da Série E seja avaliada até o fim de 2025, podendo entrar em vigor já em 2027.